Após uma longa e cansativa viagem de comboio pela Sicília, Alberto Caeiro e o seu estranho companheiro de viagem chegam a uma aldeia da costa Sudoeste da ilha, com a intenção de visitar Filippo, um velho escultor de quem ouviram falar.
Entre Caeiro e este carrancudo artista-camponês siciliano, que esculpe cabeças nas pedras e nas árvores da sua quinta com vista para o Mediterrâneo, estabelece-se um diálogo singular, fio condutor deste assombroso encontro numa terra de lavradores e pescadores. Sob o sol ardente da Sicília, os dois viajantes entram num mundo labiríntico de contos e crenças ancestrais, percorrendo os caminhos estreitos que separam a realidade da ilusão.
Sobre o Autor:
Accursio Soldano nasceu em 1957 em Sciacca, na Sicília, onde actualmente vive. Depois da formação em Filosofia, dedicou-se à actividade de jornalista, colaborando com os jornais La Repubblica, L’Ora e Diario, além de ser responsável pela secção cultura da emissora Tele Radio Sciacca. Publicou os romances Il venditore di attimi (Graphofeel, 2012), Aspettando Mr.Wolf (Graphofeel, 2014), La maledizione dell’abbazia di Thelema (Leucotea, 2016) e o ensaio Giuseppe Bellanca e i pionieri sulle macchine volanti (Epsylon, 2013). É também autor de peças teatrais e guiões de cinema, entre os quais se destaca Don Turi e Gano di Magonza, que ganhou o Prémio Especial do Júri no Parma Music International Film.
Por vezes pergunto-me quantos poemas teria podido escrever, e quantos teria escrito Keats, se tivéssemos tido mais tempo. Mais alguns anos… só o tempo de perceber o que se deve fazer. Dai-me uma pena de ouro, e deixai que em límpidas e longínquas regiões sobre rios de flores eu me distenda. Alguma vez reparaste? O poeta é o ser menos poético de toda a espécie humana, porque não tem identidade, está sempre em lugar de outro, passa a existência inteira a preencher outros corpos e a procurar suscitar sentimentos em leitores que nunca conhecerá. Quantos Caeiros achas que poderia ter sido se me tivessem concedido um pouco mais de tempo?